quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016




Meio Dia...

 

Meio dia.

O sol estava alto, o calor era intenso.
A essa hora do dia todos pareciam entorpecidos pelo mormaço de um verão impiedoso e árido. O corpo e as ideias entorpecidas, raciocínio e reações lentas. O movimento na rua diminuíra. Pessoas procuravam o abrigo das sombras causadas pelos altos edifícios ou entravam em lojas equipadas com ar condicionado.

O relógio da igreja preguiçosamente badalava as horas. Alguns carros passavam. As luzes do semáforo ofuscadas pelo sol.
Fora da faixa de pedestres, alguém atravessa a rua, sem vontade ou ânimo para correr. Uma freada súbita, um ruído intenso, um baque surdo.

Um corpo no chão, inerte. Um rosto assustado por detrás do reluzente para-brisa do automóvel luxuoso. O motorista recompondo-se lentamente, sai do veículo. Rostos curiosos espiam pelas portas e janelas, alguns se atrevem a chegar mais perto.

O motorista observa-os um a um. Seus olhos passam das pessoas para o carro e, devagar, bem devagar, alcança o corpo. Analisam a rude vestimenta daquele rapaz, moreno, de origem humilde.
Pensa em socorrê-lo, mas não consegue. Não consegue se mover, somente seus olhos reagem. Ninguém reage, nem o corpo no chão.
Tudo parado, preguiçoso e inerte.

Era meio dia...




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